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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Livros em Braile

Este ano se comemoram os 200 anos do nascimento deLouis Braille, criador do sistema Braile. No Brasil, o Dia Nacional do Braile é comemorado em 8 de abril, homenagem a José Álvares de Azevedo, patrono da educação para cegos no país. Criado por Louis Braille, aos vinte anos de idade, o sistema braile continua imprescindível para a formação educacional e cultural de deficientes visuais ou com baixa visão; é o elemento catalisador que possibilita a participação integral dessas pessoas, na educação, na cultura, na política e na ciência em pleno terceiro milênio.

Diante da determinação do MEC, os alunos com deficiência visual estão sendo inseridos em escolas comuns de ensino. Suprir as instituição de ensino com material didático e livros também em braile e capacitar os profissionais ao trabalho com pessoas com necessidades especiais passam a ser os grandes desafios de municípios, Estados e governo federal. Sempre às voltas com o tema da inclusão, seja social ou educacional, Paulinas foi a primeira editora no Brasil a lançar, em 2005, um livro infanto-juvenil em braile e tinta.

As bruxinhas da Elizete

Foi este mesmo método que proporcionou à professora mineira Elizete Lisboa, aos nove anos de idade, ser alfabetizada. Segundo ela, foram apenas algumas semanas, e o braile colocava ao seu alcance o maravilhoso mundo da literatura e da escrita. Pôde, assim, estudar inglês, piano e se graduar em Letras pela UFMG.

Além de leitora, Elizete se tornou também escritora. Bem-humorada, ela diverte as crianças com bruxas muito atípicas, pois, de bruxas têm muito pouco: são super-higiênicas, vaidosas, cuidadosas, gostam de brincar. Em 2005, publicou Que será que a bruxa está lavando? e A bruxa mais velha do mundo. Esta última cismou que quer se casar e está voando por aí à cata de um marido. Salvem-se quem puder. Em 2007, Elizete deixa as bruxas um pouco de lado e, em um gostoso passeio matinal pela floresta, lança Firirim-Finfim.

Uma das mais respeitadas especialistas em braile no Brasil e a primeira aluna cega a matricular-se em uma escola de estudantes com visão normal, em 1946, em São Paulo, Dorina Nowill também mereceu homenagem de Paulinas. Na obra Dorina viu, lançada em 2006, a escritora Cláudia Cotes e o ilustrador Dimaz Restivo contam o ‘tempo menina’ de Dorina, garota que sempre se levantava cedo para não perder tempo e brincar. Até que um dia acordou e viu tudo escuro, percebeu que já não conseguia enxergar... Não demorou muito e descobriu que poderia ler e sentir o mundo com os dedinhos.

O tempo passou, Dorina cresceu e se tornou professora. Diante da dificuldade de encontrar livros para deficientes visuais, criou a Fundação Dorina Nowill Para Cegos. Produzindo livros em braille, divide com outras pessoas sua descoberta, seu amor à leitura e à vida. Aliás, Dorina foi a primeira aluna cega a matricular-se em São Paulo, numa escola comum, de estudantes com visão normal, em 1946. Trabalhou com organizações mundiais de cegos e órgãos da ONU, sempre representando o Brasil.

Vez da voz

Depois da experiência com Dorina Nowill, Cláudia Cotes não quis mais parar. Entre textos e mais textos em braile, inovou mais uma vez e juntou a Síndrome de Down e a deficiência visual para criar, com boa dose de humor e sensibilidade,Dança Down (em 2008). O texto é divertido, tem seu lado poético e também é escrito em braile, para mais gente com deficiência visual acompanhar o que acontece na escola depois da chegada da menina Cuca, que tem síndrome de Down. Sempre por perto, Dimaz cuidou de registrar as situações que a pequena bailarina cria ao longo das páginas.

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